A Ralph Lauren surpreendeu recentemente com a inauguração de seu primeiro Ralph’s Coffee na Tailândia, localizada no CentralWorld, em Bangkok. O café é o mais recente capítulo da expansão gastronômica da marca americana, que já possui unidades em Hong Kong, Japão, Singapura, Emirados Árabes, Europa e Estados Unidos. Este movimento não é isolado: grifes como Louis Vuitton, Gucci e Dior também têm investido em empreendimentos gastronômicos, explorando novas formas de se conectar com seus públicos.
O fenômeno vai além de servir cafés ou pratos sofisticados. Segundo especialistas, essas iniciativas permitem que marcas de luxo alcancem consumidores mais jovens, especialmente das gerações Y e Z, que valorizam experiências tanto quanto produtos tangíveis. Um café de € 6 pode parecer caro, mas é considerado um luxo acessível, proporcionando aos clientes a possibilidade de vivenciar o universo da marca sem comprometer o orçamento. E, no mundo das redes sociais, o apelo “instagramável” dessas cafeterias é uma poderosa ferramenta de marketing.
A exclusividade continua sendo o coração dessa estratégia. Nos Ralph’s Coffee, a decoração em verde escuro, o icônico urso da marca e mimos como chaveiros e louças reforçam a identidade da grife. O tempo de permanência é limitado, e o uso de notebooks é proibido, criando uma atmosfera de escassez que é fundamental para a indústria de luxo. “Essas cafeterias são uma ponte para criar vínculos emocionais com novos consumidores, potencialmente fidelizando-os para o futuro”, explica Ulysses Reis, especialista em marketing internacional.
Outras marcas também têm se destacado na gastronomia. A Louis Vuitton, por exemplo, opera restaurantes e cafeterias ao redor do mundo, como o Le Café V, no Japão, e o restaurante estrelado em Paris, comandado pelo chef Arnaud Donckele. A Gucci Osteria, com unidades em Florença, Beverly Hills e Tóquio, coleciona estrelas Michelin e mantém um menu sofisticado que inclui pratos sazonais e sobremesas exclusivas. Até mesmo a Zara, conhecida por seu fast fashion, entrou no segmento com cafeterias em Lisboa e Madri, buscando criar uma imagem mais premium.
Para especialistas, essa movimentação não é apenas uma busca por diversificação, mas uma estratégia de fortalecimento da marca em tempos de consumo mais digital e experiências personalizadas. “Ao oferecer opções acessíveis, como cafés ou refeições, as grifes ampliam sua base de clientes e criam um consumo recorrente. Isso aumenta a resiliência da marca no mercado”, afirma Felipe Marchioro, especialista em mercados internacionais.
O casamento entre moda e gastronomia reflete uma evolução do luxo, que agora busca ser mais inclusivo e experiencial. Com cafeterias, restaurantes e até cardápios assinados por chefs premiados, as marcas não só encantam os sentidos como também criam novas formas de atrair e reter consumidores. Nesse universo, o simples ato de tomar um café transforma-se em um ritual de estilo e sofisticação.
Fonte: Ana Gimonski | Foto: Divulgação