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Especial: “Consciência Negra” — palavra que move, frase que incendeia

22/112023

“Por que Consciência Negra? A consciência não deveria ser de todos?”

Sim. E é exatamente por isso que existe um mês com nome, causa e urgência.

Quando a palavra fere mais do que o silêncio

Toda vez que novembro chega, ela reaparece: “Consciência Negra”.

Para alguns, motivo de orgulho. Para outros, desconforto. Para uns poucos, irritação.

Mas o que essa expressão tem que outras não têm? Por que tantas consciências convivem bem — ambiental, corporal, financeira — mas a negra é questionada?

Porque ela tira do conforto. Porque ela nomeia quem historicamente foi apagado. Porque ela transforma memória em pauta.

E acima de tudo: porque ela fala de história… mas também fala de agora.

Uma palavra com passado, presente e futuro

A consciência negra não nasceu no Instagram.

Ela começou no chão das fábricas, nas periferias urbanas, nos grêmios estudantis, nos quilombos modernos e na boca de quem se recusava a aceitar a história oficial.

Veio da necessidade de lembrar Zumbi e Dandara. De corrigir o que a educação omitiu. De dizer: “Nós estamos aqui. Sempre estivemos.”

Mas em 2025, a palavra ganhou novos contextos:

  • Entrou no debate sobre reparações históricas
  • Virou pauta em educação antirracista
  • Foi levada à COP30 como alerta sobre racismo ambiental
  • Tornou-se exigência por políticas permanentes, não sazonais

Mas precisa ser “negra”?

Precisa.

Porque a história brasileira foi escrita com tinta branca, editada por quem nunca sentiu na pele o que é ser minoria.

Dizer “negra” é reconhecer que nem toda dor foi vista. Nem toda contribuição foi aplaudida. Nem toda presença foi celebrada.

E não se trata de competir por dor. Trata-se de chamar pelo nome.

Porque quem viveu a exclusão sabe: quando não se fala, não se cura. E quando não se cura, repete.

A consciência que incomoda é a que transforma

A maior ironia? Muitos que questionam a expressão “consciência negra”, na verdade, não têm problema com a ideia de consciência. Mas com a ideia de consciência que exige mudança.

A consciência negra é aquela que pede revisão de livros, inclusão no audiovisual, equidade no mercado, fim da violência estrutural, respeito à ancestralidade.

Não é sobre culpa. É sobre responsabilidade.

Não é sobre revanche. É sobre justiça.

Não é sobre dividir. É sobre somar o que sempre foi subtraído.


Se a palavra te incomoda, talvez ela não seja o problema.

Publicação-@portalnoticiasdiarias -instagram-Lucia Alves- jornalismo- colunista social- Vice presidente do Conselho de Inclusão Da Abime Brasil (Ass. Brasileira e Internacional de Midia Eletrônica) instagram @impactocultural_revista

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