Profissional é especializada em beleza afro e atende na Zona Oeste de São Paulo
Segundo um estudo realizado pela Dove, cerca de 84% das adolescentes brasileiras já usaram filtros para modificar a aparência nas fotos postadas nas redes sociais. Além disso, 70% delas afirmaram que se sentiriam mais confortáveis em publicar imagens sem filtros se fossem mais representadas no meio digital. Ou seja, se enxergassem mulheres com características parecidas com as delas nas mídias sociais.
Os dados refletem um sentimento presente, desde cedo, entre 20% das meninas e mulheres no Brasil – a baixa autoestima. Os dados, retirados de uma pesquisa realizada pela consultoria Kantar, apontam, ainda, que 24% delas indicam a falta de autonomia financeira como o principal fator para a insatisfação consigo mesmas.
Para Christiane Deliz, maquiadora e penteadista focada em beleza preta, as informações apresentadas nos estudos reafirmam a realidade observada nas periferias. A profissional destaca que boa parte das moradoras das regiões mais afastadas dos grandes centros não se sentem representadas na mídia e, diversas vezes, não têm recursos financeiros suficientes para cuidar da autoestima.
A maquiadora ressalta, ainda, que essa falta de representatividade gera outros problemas, como a escassez de profissionais especializados em belezas fora do padrão ariano. “Não são as mulheres pretas e periféricas que geralmente lotam os salões e isso influencia a escassez de atendimentos adequados para esse público. Muitas vezes, elas não têm acesso a esses procedimentos e nem se veem representadas nesse meio”, afirma.
Por também fazer parte do grupo de mulheres atingidas pelo problema, Christiane se especializou em atendimentos para peles pretas e cabelos crespos e cacheados, quando criou a marca “Makeup Deliz”. O aperfeiçoamento dedicado à beleza preta, segundo ela, é uma forma de estimular a autoestima e autocuidado dessas pessoas.Além dos atendimentos, Christiane também desenvolveu um curso de automaquiagem acessível e pensado para esse público. “A aula é uma porta de entrada para que essas mulheres se percebam, se olhem e impulsionem suas autoestimas. […] É muito normal haver choro após as alunas notarem a transformação externa e interna vinda do empoderamento que o autocuidado gera”, diz.
Uma das participantes do curso, Katy Neto, conta que o encontro foi além do ensino das técnicas de maquiagem. “Fui aprender sobre make e descobri mais sobre mim, sobre cuidar e olhar para si mesma.”
Apesar de ter se tornado especialista no atendimento às mulheres pretas e periféricas, a maquiadora ressalta que todos os profissionais da estética – mesmo aqueles que não possuem especialização nos cuidados com o público que ela atende – devem saber como destacar esse tipo de beleza, principalmente para que essas mulheres possam ser bem atendidas em qualquer lugar e tenham opções além do alisamento dos cabelos.
Sobre a Makeup Deliz
Christiane Deliz é especialista em noivas, penteadista focada em cabelos crespos e cacheados e maquiadora há mais de 5 anos. Além dos atendimentos aperfeiçoados para a beleza preta, que realiza na região do Butantã, Zona Oeste de São Paulo, a profissional ainda dá aulas de automaquiagem práticas e acessíveis para mulheres periféricas.
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