Empreender é uma alternativa para muitas pessoas em tempos de crise ou simplesmente por não estarem satisfeitas com seus empregos. Mas alguns grupos sociais enfrentam mais dificuldades que outros quando se trata de investir em um negócio próprio.
Uma dessas barreiras aparece no momento de buscar crédito com bancos e instituições financeiras. O Relatório Especial de Empreendedorismo Feminino no Brasil, publicado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) em 2021, revelou que 58% das mulheres negras receberam uma resposta negativa ao tentar um empréstimo, mesmo 33% delas não tendo nenhum tipo de restrição como nome no SPC ou Serasa.
Para Mônica Costa, diretora de comunicação da Câmara do Comércio, Indústria e Serviço do Empreendedorismo Negro (CCISEN), o fato de essas mulheres receberem um ‘não’ ao buscarem crédito para empreender é um dos reflexos do racismo.
“Eu entendo que as instituições financeiras são estruturas que colocam essas mulheres em uma posição de menos capazes e merecedoras. Muito provavelmente os responsáveis pela condução do crédito olham para essa empreendedora negra e acham que ela não tem condições de pagar em vez de se concentrar apenas nas documentações”, analisa.
Criadora do G&P, projeto de educação financeira voltado ao crescimento econômico e inclusão social e financeira, Mônica já impactou mais de 500 mulheres negras no Brasil, Colômbia, Argentina e Estados Unidos.
Com o auxílio da especialista, o Yahoo Finançaselencou quatro dicas fundamentais de educação financeira para mulheres que queiram ou que já empreendem e têm dificuldade para conseguir crédito.
- 1. Estude seu negócio
- 2. Organize as finanças do negócio
- 3. Crie uma reserva financeira
- 4. Busque iniciativas de apoio a mulheres empreendedoras
Estude seu negócio
Para começar a empreender, é essencial ter uma visão clara sobre o que é o seu negócio e os objetivos dele. Um dos caminhos para isso é a criação de um plano de negócio, que serve para ajudar a ter uma visão do segmento em que você irá atuar e analisar os pontos positivos e negativos.
“A gente ainda tem um grupo muito grande de mulheres que empreendem por necessidade e que precisam de dinheiro para pagar as contas do mês seguinte. Mas essas mulheres também precisam ter a oportunidade de estudar seus negócios”, destaca.
Organize as finanças do negócio
A educação financeira é importante para a gestão dos gastos pessoais e de uma família. No caso de uma empresa não é diferente, conforme explica Mônica.
“Temos que ter nitidez sobre os valores que entram e saem do nosso orçamento para que possamos fazer escolhas mais conscientes e fazer projeções dos nossos negócios. É muito complicado iniciar um negócio sem ter projeção do que terá no caixa em seis meses ou um ano”, alerta.
Crie uma reserva financeira
Para quem empreende em um cenário de escassez financeira, no início pode ser difícil criar uma reserva, mas é uma ação que tira a empreendedora do sufoco no caso de gastos imprevistos.
“Eu sempre sugiro a todas as empreendedoras que me procuram que elas sempre guardem 10% de tudo que ganharem. É uma estratégia importante para ter uma reserva em caso de urgência ou se precisar de um crédito. Se essa mulher tiver o hábito de sempre guardar uma parte do que ganhar, terá um respiro para continuar com seu negócio”, detalha Mônica.
Busque iniciativas de apoio a mulheres empreendedoras
Existem diversas iniciativas criadas para a aceleração de empreendedores no Brasil. Esses projetos oferecem capacitação e, em alguns casos, até recursos para impulsionar os negócios.
“É importante se conectar a esses projetos e buscar oportunidades para receber qualificação adequada para o negócio ter vida longa”, recomenda Mônica.
Uma dessas iniciativas é a Preta Hub, que por meio do Afrolab, programa de capacitação para empreendedores e empreendedoras negros, oferece gratuitamente treinamentos voltados ao marketing digital para impulsionar e transformar o negócio. O projeto está com inscrições abertas até 4 de abril para uma capacitação no setor.
Fonte: Yahoo Finanças
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