New Orleans, música, festa, sabores e história fascinantes

Turismo

Fica difícil falar de New Orleans sem começar pela gastronomia, aliás já me dá água na boca só de lembrar das delícias que pude provar durante minha visita a encantadora região famosa pelo Mardi Gras, pelo jazz e maior cidade do estado da Louisiana. Pois bem, a gastronomia em New Orleans é única, você não vai encontrar nada parecido em nenhuma outra parte dos Estados Unidos. Dizem que por lá os chefs e proprietários de restaurantes usam a criatividade como ingrediente principal para realmente fazer com que as pessoas saiam de suas casas, se possível todos os dias, em busca de experiências e sabores diferenciados. Eu não sei o que aconteceria comigo seu eu morresse por lá, afinal as tentações estão por todos os lados. Vamos começar pelo café da manhã, se a ideia é provar algo bem tradicional e logo sair para passear, o Cafe Du Monde é parada obrigatória para comer os famosos beignets. O Cafe du Monde surgiu em 1862 dentro do New Orleans French Market, um prédio histórico, atualmente repleto de bares, restaurantes e galerias de artes. O French Market foi palco de um capítulo importante sobre a fundação de New Orleans já que foi ali onde os primeiros colonizadores europeus chegaram de barco para vender diferentes produtos e laticínios no ano de 1718, o local também merece a sua visita.

French_Market_NewOrleans

Voltando ao café com beignete, vale a pena provar a qualquer hora do dia, não somente no cafe da manhã. 

Se você optar pelo o Café du Monde do City Park, aproveite para caminhar ao redor do parque que é repleto de trilhas e ciclofaixas, inclusive há uma estação de aluguel de bicicletas na frente do Café du Monde. 

Café_Du_ Monde

Outra visita imperdível é o  NOMA – New Orleans Museum of Art (Museo de arte moderna de New Orleans). Inaugurado em 1911 o museu conta com exposições permanentes e rotativas, obras de renomados artistas como do impressionista francês Edgar Degas, Picasso, Miro, entre outros. Saindo do museu aproveite para explorar o imenso jardim das esculturas, onde você vai encontrar mais de 90 esculturas espalhadas entre as árvores e espelhos d’água. Inclusive, eu me deparei com obras nos galhos das árvores, lindo de ver a criatividade dos artistas se conectando com “obras naturais”.  Recomendo prestar atenção aos detalhes, aos sons e cheiros. O lugar é bem tranquilo, ideal para quem curte momentos de reflexão ou ler um bom livro em meio a natureza e muita arte. Outra obra que atrai a atenção dos turistas que visitam o local é uma ponte de vidro, isso mesmo de vidro. Criada por por Elyn Zimmerman, a obra é um tipo de passarela bem colorida. Infelizmente eu não tive tempo de ver a ponte, me empolguei com as esculturas, com o canto dos pássaros e precisei seguir meu roteiro. Portanto, fica a dica, assim que chegar ao parque procure pela tal ponte de vidro antes de “se perder por lá”. 

NOMA_New_Orleans

Mas, enquanto caminha em busca da ponte de vidro aprecie também a passarela que te leva até o outro lado do parque. Mais uma obra moderna construída abaixo da linha da água, dando a sensação de que estamos caminhando para o fundo da lagoa.

NOMA_NewOrleans

Contudo, se você não abre mão de um café da manhã bem reforçado para encarar a maratona de museus, sugiro o Jeri Nims Soda Shop localizado dentro do Museu da Segunda Guerra Mundial (The Nacional WWII Museum), onde você vai encontrar sanduíches diversos, ovos mexidos, croissants, cafés, sucos e refrigerantes. Aberto das 8 da manhã até as 3 da tarde, o local conta com ambiente descontraído e pode ser considerado como um clássico “american breakfast”.

Pronto, depois do café da manhã chega o momento de seguir a sua jornada por News Orleans. E se o café do manhã for no Museu da Segunda Guerra Mundial, comece o passeio ali mesmo. Confesso que eu já tinha ouvido falar sobre o complexo, mas nunca pensei que fosse me interessar tanto. Posso afirmar que a experiência é intensa, afinal quando falamos em segunda Guerra Mundial falamos sobre mais de 16 milhões de cidadãos americanos que ingressaram nas forças armadas para combater e muitos nunca  retornaram para suas casas.

Ao todo mais de 200 milhões de pessoas morreram durante a Segunda Guerra Mundial, isso significou aproximadamente 3% da população mundial do ano de 1940, os números são assustadores, eu sei. Sem contar as outras centenas de milhares de pessoas que perderam seus entes queridos, suas casas, enfim perderam tudo por conta da guerra. 

No entanto, além de toda a tragédia causada pela guerra, no museu também temos a chance de conhecer histórias de grandes heróis e heroínas, homens e mulheres que fizeram a diferença e são lembrados até os dias de hoje.

Entrada do Museu da Segunda Guerra Mundial

Localizado em um complexo formado por três edifícios enormes, o museu também conta com salas interativas que apresentam detalhes da época, desde uniformes, utensílios domésticos, armas, até tanques de guerras e aviões restaurados. São mais de 250 mil artefatos que contam parte da história que transformou o mundo, é impressionante. Uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a área que mostra um pouco das propagandas da época, incluindo placas e diferentes tipos de anúncios convidando os homens a se alistarem para o exército e as mulheres para trabalharem nos bastidores da guerra. Muitas pessoas não sabem, mas a mão de obra feminina foi fundamental naquele tempo. Não somente atuando como enfermeiras, as mulheres também foram responsáveis pela fabricação de armas, roupas, entre outros equipamentos necessários para os combates. Inclusive, a frase “We Can do It” repetida até os dias de hoje, e presente em muitos memes da internet, surgiu durante a guerra justamente para transmitir a mensagem de que as mulheres exerciam papel fundamental para ajudar os Estados Unidos a vencerem as batalhas.

Ponto alto do museu é a sala de cinema 4D, onde assistimos a um filme de aproximadamente 50 minutos com imagens impactantes e cenas dos momentos mais marcantes da época. Não pense que o filme é monótono, pelo contrário, sentei na sala com sono (costumo dormir em filmes de guerra) mas sai de lá extremamente emocionada e agitada, pois o filme é acompanhado de efeitos especiais. A cadeira treme, objetos reais surgem em cena, inclusive partes de um avião real. Também são utilizados efeitos com gelo seco para simular a fumaça e o cheiro de algo queimando no ar – representando o impacto dos explosivos utilizados nos combates.  Além disso, é possível ouvir o discurso oficial do presidente Franklin D. Roosevelt alertando os americanos sobre a participação dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. 

O discurso ocorreu logo após o ataque surpresa à base naval estadunidense de Pearl Harbor no Havaí, no dia 7 de dezembro de 1941, data que marcou o início do conflito entre Estados Unidos e Japão. 

O rádio, naquela época, era a única forma que a população tinha para saber de forma mais imediata o que estava acontecendo no mundo. Imagina receber a notícia de que seu país entrará em guerra e que seu pai ou irmão deveriam fazer parte daquilo até o final, com data para sair de casa, mas sem data para voltar. Há muitas cartas de familiares no museu e também cartas do governo informando às famílias sobre a mortes de seus parentes. O acervo é interessante, mas também pode despertar muitas emoções.NewOrleans_WorldWarMuseum

Jornais da época

Fiquei arrepiada ao ouvir o discurso do presidente Roosevelt e logo ver o rosto de muitas das vítimas da guerra. Inevitável não imaginar como reagiram as mães naquela época. Outra área super interessante, e menos dramática, é onde estão os aviões de guerra no Pavilhão da Liberdade dos EUA, onde há uma série desses aviões icônicos, de diferentes tamanhos e poderosos. 

WorldWarMuseum

Enfim, mesmo que você não se interesse por temas de guerra, recomendo uma visita ao museu. A partir de lá você entenderá mais sobre a história e cultura do país, principalmente sobre o patriotismo tão presente na casa das famílias americanas até os dias de hoje. Aliás, vale destacar que os veteranos de guerra são muito respeitados nos Estados Unidos, eles recebem diversos benefícios do governo e por onde passam são cumprimentados pela população. É comum ver homens na faixa de 70, 80 ou 90 anos usando seus bonés das forças armadas e em algumas situações sendo aplaudidos em bares ou restaurantes. Além disso, quando reconhecidos em alguns estabelecimentos, dificilmente precisam pagar a conta, a ordem da casa é: “aqui veterano de guerra não paga”.

No final do tour, vale a pena parar na loja que vende souvenirs como bonés, camisetas e livros relacionados a Segunda Guerra Mundial. Encontrei um livro interessante chamado War Dogs (Cachorros de Guerra), que conta a história de cachorros que também desempenharam papel fundamental naquele tempo. Eles caçavam e também serviam como grandes aliados. Já sabemos que o cão é o melhor amigo do homem, no entanto, para aqueles que viveram em campos de guerra – o cão era mais que um amigo. Por fim, se bater fome após a visita, dentro do museu há também um restaurante que abre para almoço o The American Sector, onde você vai encontrar sopas, saladas, carnes e sanduíches variados. Vale a pena conhecer mesmo que seja apenas para se refrescar com uma cerveja, suco ou refrigerante. O local é bem descolado, com decoração contemporânea e quadros com personagens que marcaram a década de 1940. Saindo do museu, logo no outro lado da rua, está outra loja que vende roupas e acessórios vintage, vale a pena conferir. 

The_American_Sector

Sempre que viajo, sinto um enorme prazer em caminhar pelas ruas da cidade e conversar com as pessoas, foi por isso que me identifiquei ainda mais com a cidade de New Orleans. Saindo do Museu da Segunda Guerra, sugiro uma caminhada pelas ruas ao redor. A região conhecida como Art District é repleta de lojinhas e galerias de arte. Para mais souvenirs recomendo Aunt Sally’s Pralines por lá você encontra artesanato local, que vão desde panos de prato, luvas de cozinha até as tradicionais máscaras do Mardi Gras e quadros pitados por artistas locais, bem como muitas guloseimas doces e salgadas.

New_Orleans_Art_District

Outro lugar onde a caminhada vai render boas fotos, drinks e risadas, é o French Quarter. Além de bares para todos os gostos e bolsos, no Quarteirão Francês, você também vai se deparar com pessoas de diferentes culturas e estilos. Lembrando que você pode comprar o seu drink e beber enquanto explora a região. Aliás, o estado da Louisiana é um dos poucos nos Estados Unidos onde é permitido ingerir bebida alcoólica na rua. Como resultado, dizem que isso facilita na hora de fazer amigos. Isso acontece com você? Pois então, se você gosta de se comunicar e se conectar com pessoas, New Orleans é o seu lugar. Costumamos dizer que em New Orleans é assim, uma simples ida ao banheiro poderá render uma boa conversa, muitas dicas de lugares para conhecer e uma amizade para toda a vida ou por uma noite. 

Vivendo e Aprendendo ou Bebendo e Aprendendo?

Outro passeio imperdível por New Orleans é o tour Drink and Learn, em português Beba e Aprenda. Onde literalmente você toma drinks preparados com ingredientes locais enquanto caminha pela cidade e passa por importantes pontos turísticos ouvindo histórias curiosas e engraçadas com guia especializado. Antes de começar o passeio, você recebe uma mochila térmica com 5 drinks diferentes para degustar e também aprender sobre o preparo das bebidas. Eu tive a chance de fazer o tour com a idealizadora do projeto, Elizabeth Pearce, ela nasceu na Louisiana e tem profunda paixão pela região. Além dos tours, a empresária comanda um podcast que também se chama Drink and Learn e é personagem conhecida por turistas e moradores de New Orleans. O tour tem duração de aproximadamente 2 horas, passando por bares, restaurantes e pontos turísticos, mas sem parada para comer ou beber. Portanto, sugiro que durante o passeio você já fique de olho para escolher qual bar ou restaurante irá conhecer quando o tour acabar.

Drink_and_Learn

Contudo, se a ideia é continuar aprendendo sobre drinks locais, vá até o Sazerac Houselocalizado em um edifício histórico e de arquitetura deslumbrante o lugar conta a história do Sazerac, um dos coquetéis mais famosos de New Orleans. A tradicional bebida ganhou fama na década de 1850 e é reconhecida mundialmente até os dias de hoje. No local você vai se encantar com a decoração, com o paredão enorme repleto de garrafas da bebida e ainda vai conhecer os métodos utilizados na destilação do centeio Sazerac, é realmente uma experiência única. 

Sazerac_House

Mais comida, bebida e muito aprendizado – Isso é New Orleans.

Como mencionado anteriormente, é impossível falar de New Orleans sem falar de experiências gastronômicas. Sendo assim, outro lugar imperdível para amantes da boa mesa é a New Orleans School of Cookinga escola de culinária de New Orleans. Para vivenciar uma experiência que envolve, receitas locais, sabores, vinhos, risadas e muita comilança. Eu tive a chance de participar de uma aula com o renomado e divertido chef René Brunet. Aprendi a fazer brusqueta de lagosta, camarão com grits e ainda o tradicional pudim de pão – sobremesa indispensável para quem visita ou mora no sul dos Estados Unidos. 

New_Orleans_School_of_Cooking

A experiência é ideal para curtir com a família ou amigos. Antes de começar recebemos um avental e uma carta com a descrição das receitas que seriam preparadas naquela noite. Tudo acontece em uma cozinha gigante, com equipamentos utilizados por chefs profissionais. Você pode optar por colocar a “mão na massa” ou simplesmente assistir, tomar um bom vinho e aprender com o chef que, enquanto prepara os ingredientes, compartilha com os convidados um pouco de suas experiências dentro fora da cozinha. Brunet trabalhou como meteorologista de TV e comandou seu próprio restaurante em Montreal, no Canadá. Conheceu diversos países, mas afirma que decidiu viver e trabalhar em New Orleans justamente por conta da criatividade e diversidade gastronômica. O renomado chef, que fala francês e inglês, contou que seu interesse pela culinária começou quando ele era garoto “Eu mal alcançava o balcão da cozinha, mas queria entender todos os processos” contou o chef.

Confesso que me surpreendi, em poucos minutos me senti como se estivesse na cozinha de um amigo. Aliás, nunca imaginei que uma aula de culinária pudesse ser tão divertida. A experiência é demorada, aproximadamente 3 horas e meia, mas vale cada minuto de espera. Tudo estava delicioso. Contudo, depois desse jantar, sugiro uma boa noite de descanso.

No dia seguinte, você pode optar por um roteiro que te levará para um mergulho na cultura e manifestações artísticas de New Orleans visitando o JAMNOLA, sigla que significa Joy, Art & Music. O primeiro pop-up experimental da cidade que leva o público de todas as idades em um tour por salas temáticas que contam diferentes histórias. Cada um dos espaços apresenta curiosidades sobre as tradições da região. Esse lugar vai mexer com todos os seus sentidos. Além disso, garanto que a visita vai render divertidas fotos para o seu Instagram.JAMNOLA

JAMNOLA

Visite também o Le Musée Museum mais um lugar surpreendente. Localizado em uma casa histórica de arquitetura renascentista grega. O museu abriga uma coleção de documentos, quadros e manifestações artísticas que contam a história de afrodescendentes em Nova Orleans. Vale ressaltar que a história colonial e racial de New Orleans é bastante complexa, uma vez que a cidade foi francesa e depois espanhola antes que o estado da Louisiana se tornasse território americano em 1803. Portanto, neste museu você vai entender mais sobre o período de escravidão e a distinção que era feita entre os negros africanos escravizados e os negros descendentes de europeus que não eram escravos. Conhecer mais sobre Free People of Color que traduzindo ao pé da letra significa “pessoas de cor e livres” vai te levar a momentos de muita reflexão. Importante lembrar que os franceses, que controlaram a região de 1682 a 1763, tinham regras diferentes dos espanhóis que governaram de 1763 a 1800, tempos em que relacionamento entre brancos e negros era considerado crime. Sugiro que você faça o tour com o guia que contará detalhes sobre importantes obras e fatos que impactaram a humanidade.

Queremos Jazz, muito jazz!

E é óbvio que você não pode passar por New Orleans sem conhecer o Museu do Jazz. No New Orleans Jazz Museum, você vai conhecer a história do jazz, obras de artistas locais, ver de perto instrumentos musicais centenários e descobrir as razões que fazem com que New Orleans seja considerada o berço do jazz.

Localizado no cruzamento do French Quarter e da Frenchmen Street, o New Orleans Jazz Museum está no coração da cidade e sempre tem algo acontecendo por lá, shows com bandas locais ou personalidades reconhecidas nacionalmente. Fique de olho no calendário de eventos e programa-se para momentos de muita diversão.

Confira nos vídeos abaixo mais informações sobre New Orleans e incontáveis motivos para visitar a terra do Jazz:

Brasil Travel News

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