Metade dos jovens usariam empréstimos para empreender, mostra pesquisa

Empreendedorismo

Pesquisa indica que jovens assumiriam empréstimos para abrir um negócio próprio ou estudar no exterior, mas falta de informação preocupa

 Metade dos jovens brasileiros usaria empréstimos para montar um negócio próprio, segundo pesquisa realizada em outubro pelo C6Bank/DataFolha, mesmo em um cenário de clico de alta de juros, que deve encerrar apenas no ano que vem.

Participaram desse estudo 942 adolescentes de 12 a 17 anos, de várias regiões do país e de diferentes classes sociais. A maioria dos que assumiriam um financiamento para investir em projetos pessoais de empreendedorismo é das classes C, D e E.

Já para os jovens das classes A e B, o destino do crédito seriam estudos no exterior, como disseram 42% dos entrevistados. Ainda, menos de 15% dos adolescentes se endividariam para comprar eletrônicos ou celulares, para se dar um presente ou fazer um tratamento estético.

A head de educação financeira do C6 Bank, Liao Yu Chieh, afirmou que grande parte dos jovens mostrou ter uma consciência maior sobre o uso do dinheiro.  “Esse tipo de dívida, nessa fase da vida, e bem planejada, pode render bons frutos no futuro. É diferente de tomar um empréstimo para fazer um gasto de consumo, comprando um carro ou um celular por exemplo.”

A pesquisa mostra que a compra por impulso é menos comum entre os jovens. Mais de 80% dos participantes do estudo disseram que pensam se realmente precisam do item antes de comprá-lo.

Além disso, um terço dos adolescentes afirmou que guardaria dinheiro para imprevistos, 24% faria uma reserva para investir e gerar um rendimento mensal, 20% pouparia para comprar algum produto desejado no futuro e 16% reservam uma quantia já pensando na aposentadoria. Do total, 69% falaram que guardam dinheiro atualmente.

Falta de informação ainda é preocupante

A maioria dos jovens pretende ter uma vida financeira mais confortável que a de seus pais, porém a falta de informação é um ponto que deve ser observado. Isso porque, cerca de 75% dos entrevistados não tem conhecimentos sobre previdência privada, 73% não conhece a respeito de cheque especial, e 68% não tem nenhum entendimento sobre bolsa de valores.

Liao Yu Chieh destacou que quando o assunto é cartão de crédito, o nível de informação dos jovens é maior, porque é algo mais presente na vida deles. “A pesquisa nos mostra que mais da metade toma emprestado os cartões dos pais, com a senha inclusive, quando precisa fazer alguma compra”.

A pesquisa indicou que 29% dos jovens, principalmente os das classes A e B, têm algum item em seu nome. Cerca de 20% possui conta com cartão de débito, e 14%, poupança.

Como um incentivo à educação financeira, o C6 Bank lançou em outubro deste ano a conta Yellow, uma modalidade gratuita para crianças e jovens de até 17 anos, destinada especialmente para o recebimento de mesada, envio e recebimento de Pix e operações com cartão de débito. Todas as compras feitas pelas crianças são monitoradas e informadas aos responsáveis por SMS.

Influência das rede sociais e o desejo de enriquecer rápido

Apesar de indicar hábitos financeiros saudáveis por parte dos jovens, o estudo revelou também que aproximadamente de 44% dos adolescentes procuram se informar sobre como lidar com o dinheiro, em redes sociais como Instagram, Tik Tok, Twitter e Facebook. Apenas 6% disseram consultar sites especializados ou de notícias.

Com isso, 64% dos jovens julgam possível enriquecer em pouco tempo com investimentos por conta própria, baseados em dicas da internet. “São raríssimas as pessoas que ganham muito dinheiro em pouco tempo. A grande maioria perde e pode perder muito. Os que aparecem nas redes sociais e dão essa falsa impressão são na verdade sobreviventes”, constatou Liao.

Empréstimos mais caros

O cenário que o país enfrenta no momento é de alta de juros e inflação galopante. A taxa básica de juros, a Selic, atualmente é de 7,75% ao ano, mas o Comitê de Política Monetária sinalizou que na próxima reunião, que acontecerá na semana que vem, haverá aumento de 150 pontos-base, a mesma magnitude da última alta.

A elevação dos juros é uma ferramenta monetária que o Banco Central tem em mãos para tentar controlar a inflação. Quanto maior a taxa Selic, mais caros ficam os empréstimos e os riscos de inadimplência aumentam. Apesar disso, a demanda por crédito subiu 8,00% em outubro, de acordo com uma pesquisa do Índice Neurotech de Demanda por Crédito, INDC.

Em outubro, mais de 63 milhões de brasileiros estavam endividados, o maior número desde julho de 2020, segundo estudo feito pela Serasa. A maior parte dos débitos é com o segmento de bancos e cartões de crédito, representando cerca de 28,7% do total de inadimplências.

Texto: Beatriz Lauerti
Edição: Letícia Matsuura
Arte: Vinícius Martins/ Mover

Fonte: tc.com.br

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