Preciso de uma grande ideia pra empreender?

Empreendedorismo

Entenda neste artigo porque abrir um negócio depende mais da execução do que da ideia em si

Não tenho grandes ideias, por isso não empreendo. Quantas vezes você já ouviu essa frase? Eu já perdi a conta de quantas vezes ouvi alguém falando isso.

Mas eu tenho uma boa notícia para essas pessoas: não é necessário esperar ter uma grande ideia para abrir um negócio. Aliás, a maior parte das empresas que são bem sucedidas não nasceram de uma grande ideia.

E agora a próxima pergunta: mas então por onde começo? Há vários possíveis pontos de partida. O mais simples é quando o empreendedor parte de uma necessidade pessoal, de algum problema que ele sente na pele.

Em 2009, eu resolvi operar no mercado de ações. Até a venda da Ágora, como sócio e diretor estatutário, eu tinha restrições para operar, então apenas acompanhava os trades dos clientes. Quando me vi livre das restrições, resolvi que era hora de testar minha capacidade de gerir meus próprios recursos. Passei o primeiro semestre todo de 2009 lendo todos os relatórios que recebia, acessando todas as informações disponíveis, tudo para que pudesse tomar as melhores decisões na compra e venda de ações e opções.

Ao final de alguns meses, estava bem satisfeito com o retorno da minha carteira. Até que resolvi compará-la com os melhores fundos de ações do mercado. E aí descobri que minha carteira tinha rendido cerca de metade do resultado dos melhores fundos. Porém esses melhores fundos não estavam abertos pra qualquer um. Sua distribuição era muito restrita; normalmente estavam disponíveis apenas para clientes das áreas de Private Banking dos bancos e a clientes de Family Offices. Na prática, na época, em 2010, com menos de 10 milhões de reais, você não conseguia investir nesses fundos.

Estava então diante de uma oportunidade de negócio: uma plataforma que desse acesso ao público em geral a esses fundos muito exclusivos. Assim nasceu a ÓRAMA, a primeira plataforma de investimentos digital do mercado brasileiro, que através de FICs (Fundos de Investimento em Cotas), dava acesso aos fundos mais exclusivos a quem tinha apenas 1 mil reais pra investir. Um jornalista, na época, resumiu muito bem: era como se fosse uma compra coletiva de fundos.

Pode soar uma ideia sofisticada para quem não tem intimidade com o mercado financeiro, mas quem atua nele sabe que não se trata de “rocket science”. É apenas uma questão de execução.

O mesmo pode acontecer com você, leitor, em sua atividade no dia a dia. Seja na sua profissão ou no seu cotidiano como usuário. Há pessoas, por exemplo, que criam uma marca de chocolate porque sempre foram chocólatras e nunca encontraram um chocolate como o dos seus sonhos. Ou uma lavanderia porque sempre sofreram com o serviço de qualidade ruim no seu bairro. E por aí vai.

Em minha experiência tendo investido em mais de 50 startups, aquelas em que o negócio nasceu de uma necessidade não atendida, vivida pelo empreendedor, tiveram uma trajetória muito interessante. Não quero dizer que as outras não tenham tido e a amostra certamente é muito pequena para qualquer conclusão. Meu objetivo é apenas dar uma dica para aqueles que têm o desejo de empreender, mas não sabem por onde começar.

Fonte: valorinveste.globo.com

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