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O Efeito Musk: Como um Tweet Pode Abalar Mercados, Mentes e Nações

Por Rodrigo Cerveira

16/12/22025

No mundo das redes sociais, a fronteira entre a opinião pessoal e o impacto corporativo tornou-se tênue. A influência, antes restrita a meios de comunicação tradicionais, agora é propriedade de indivíduos com milhões de seguidores, capazes de mobilizar massas e influenciar mercados com uma única publicação. O episódio envolvendo Elon Musk e a Netflix serve como um estudo de caso sobre este poder e as vulnerabilidades que ele expõe, mas o “Efeito Musk” vai além, adentrando as esferas da saúde mental e da geopolítica.

No início de outubro de 2025, Elon Musk, CEO da Tesla e proprietário da plataforma X, conclamou seus mais de 150 milhões de seguidores a cancelarem suas assinaturas da Netflix. A justificativa, alinhada a uma campanha iniciada por perfis conservadores, era a suposta promoção de uma “agenda woke transgênero” em conteúdos infantis pela gigante do streaming. A reação do mercado foi inesperada. Na semana seguinte, as ações da Netflix (NFLX) registraram uma queda de aproximadamente 4% a 5%, sua maior desvalorização semanal desde abril. Embora analistas tenham considerado o impacto um “revés menor”, o evento acendeu um alerta sobre o poder de uma única voz na volatilidade do valor de uma empresa.

Rodrigo Cerveira ,Rodrigo Cerveira é CMO da Vórtx e co-fundador do Strategy Studio.

O incidente mostra que a reputação corporativa é hoje um ativo mais volátil e vulnerável. Influenciadores digitais podem desencadear movimentos de boicote que, mesmo sem um impacto financeiro a longo prazo, geram crises de imagem. A velocidade com que a informação se propaga nas redes sociais amplifica exponencialmente o alcance dessas campanhas, tornando a reação em tempo real um desafio para as corporações.

Além de sua influência nos mercados, Musk também tem se posicionado sobre os efeitos da tecnologia na sociedade. Em 2024, ele lançou um alerta significativo sobre os perigos da exposição excessiva às redes sociais, especialmente para crianças. Musk descreveu como os algoritmos de inteligência artificial, projetados para maximizar o engajamento, criaram uma “corrida extrema” entre as plataformas. Essa competição, segundo ele, manipula as respostas de dopamina no cérebro, mantendo os usuários, principalmente os mais jovens, viciados.

A expressão “corrida da dopamina”se popularizou graças aos alerta de Musk, que enfatizou como as empresas de redes sociais estão elevando suas estratégias para criar conteúdos viciantes que continuamente ativam as vias de recompensa do cérebro.

Especialistas em saúde mental e educadores observam com preocupação o aumento de problemas de atenção, distúrbios do sono e instabilidade emocional em crianças, padrões que correspondem à exposição excessiva a conteúdos digitais. O alerta de Musk é preocupante, destacando a batalha assimétrica entre a mente em desenvolvimento das crianças e a sofisticação dos algoritmos de IA projetados para influenciar o comportamento.

O poder de Musk não se limita a influenciar consumidores e mercados. Ele também colide diretamente com a soberania de blocos econômicos. Em dezembro de 2025, a União Europeia multou a plataforma X em €120 milhões (US$ 140 milhões) por violações das leis de moderação de conteúdo do bloco. A decisão gerou uma onda de ataques de Musk contra a UE, com o bilionário expressando sua indignação no X e recebendo o apoio do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

Em resposta, a chefe de concorrência da União Europeia, Teresa Ribera, afirmou que o bloco não se deixará intimidar. “Não vamos aceitar qualquer tipo de subordinação quanto à forma como desempenhamos nossos papéis”, declarou Ribera, reafirmando a posição da UE em defender seu dever regulatório.

O episódio ilustra uma tensão geopolítica entre as gigantes de tecnologia do Vale do Silício e os esforços regulatórios de outras nações, com Musk no epicentro do conflito.

O caso Musk contra Netflix, seus alertas sobre a “corrida da dopamina” e seu confronto com a União Europeia são mais do que polêmicas passageiras; são sintomas de uma transformação nas dinâmicas de poder. A dúvida: A influência de uma única personalidade agora pode abalar mercados financeiros, levantar questões críticas de saúde pública e desafiar a autoridade de nações? Esta é uma pergunta com uma resposta ainda a ser dada. Por enquanto, parecem “fogo de palha”, com crescimento acelerado, mas com finais igualmente abruptos.

As empresas e governos de qualquer forma, devem investir na construção de uma reputação resiliente e em marcos regulatórios robustos. A era do “Efeito Musk” exige uma nova compreensão sobre responsabilidade, influência e o papel da tecnologia na sociedade global.

Por-Rodrigo Cerveira é CMO da Vórtx e co-fundador do Strategy Studio/ Caroline Baptista

Publicação-@portalnoticiasdiarias -instagram-Lucia Alves- jornalismo- colunista social- Vice presidente do Conselho de Inclusão Da Abime Brasil (Ass. Brasileira e Internacional de Midia Eletrônica) instagram @impactocultural_revista

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